Uma das características mais notáveis do conjunto de estabelecimentos bracarenses classificados como “Lojas com História”, é a sua variedade. Nesta lista há praticamente de tudo, permitindo-nos obter um panorama bastante abrangente dos hábitos de consumo de outros tempos. E não deixa de ser igualmente surpreendente que uma loja como a casa das sementes, num tempo em que quase não há quintais na cidade, continue a fazer parte do dia a dia dos bracarenses.
De facto, a casa das sementes, fundada em 1919 por Rodrigo da Costa Gomes, mantém-se fresca e viçosa na rua Frei Caetano Brandão, às portas da avenida Muncipal. O verde das árvores de fruto ainda bebés, como limoeiros e laranjeiras, e dos tabuleiros repletos de rebentos das mais diversas espécies de hortícolas, expostos e perfeitamente alinhados no passeio, contrastam com os azulejos azuis do edifício, criando um verdadeiro cartão-postal.
Lá dentro, uma parafernália de utensílios para agricultura e jardinagem, fertilizantes, sacos de ração e, claro, uma ampla seleção de bolbos e sementes, vendidos com acertados conselhos para que se obtenha o melhor resultado. Para além do saber acumulado ao longo de gerações, há outras memórias que mantêm vivo o passado da casa das sementes, como as balanças antigas e o arco em pedra que separa as duas áreas da loja. E por falar em coisas “vivas”, não esquecer os pintainhos que também lá se encontram à venda — a pensar em quem quer ter ovos caseiros ou… não dispensa uma boa cabidela!
O FIDALGUINHO É QUE SABE!
Durante o seu primeiro quarto de século, a Casa das Sementes teve um papel marcante nos distritos de Braga e Viana de Castelo, ao disponibilizar produtos agroquímicos inovadores, até então desconhecidos ou indisponíveis no mercado. Atualmente, a empresa gere também um armazém dedicado à venda por grosso, exclusivo para retalhistas, no Parque Indutrial de Frossos.


Com vinte e muitos anos, nascido e criado em Braga, o Fidalguinho é o guia turístico mais acarinhado da cidade. Otimista, descontraído e muito falador, conhece histórias e piadas capazes de alegrar o espírito da pessoa mais empedernida. Em pequeno, já se destacava na rua do Souto, onde cresceu na mercearia da sua avó Maria. Aliás, é comum ouvi-lo a afirmar, orgulhosamente, ser a pessoa que mais subiu e desceu aquela mítica rua. Sempre de sorriso posto, não perde uma oportunidade de conhecer pessoas e de lhes mostrar o burgo pelo qual é apaixonado. Com uma energia contagiante, fala tão rápido que parece que as suas palavras estão a correr uma maratona! Encontra beleza em qualquer cantinho da cidade e basta que ouça a palavra ‘Braga’ para ficar todo arrepiado. Apesar de não ser fluente em inglês — nem em qualquer outra língua estrangeira, sejamos sinceros —, o Fidalguinho tem o dom de se fazer entender através de gestos cómicos e expressões faciais hilariantes. Consegue assim comunicar com toda a gente, venham da vizinha Espanha ou da lonqínqua Mongólia: um verdadeiro mestre na arte da mímica turística. Só há uma coisa que nunca entendeu: por que raio se chama Fidalguinho?