O Fidalguinho pode não ter muitos estudos, mas sabe muito sobre vinho, em especial sobre Vinho Verde. E sempre que dá a conhecer esta bebida única aos seus turistas, gosta de começar pelo princípio: pela origem do vinho.Vamos a isso!
A origem do vinho é tão antiga, que não é fácil definir uma data exata para o início da sua produção. Historiadores acreditam que terá surgido entre os 8000 e os 5000 anos antes de Cristo na região da Transcaucásia, atual Geórgia. No entanto, os primeiros registos escritos sobre vinho foram descobertos no Egito, estando datados entre 3000 e 1000 a. C. Em Portugal, o vinho terá sido introduzido em 2000 a. C. pelos tartessos, um povo próspero constituído por nativos, gregos e fenícios, que habitavam a Península Ibérica nessa época.
Tudo começou com as uvas, fruta acessível e disponível mesmo nos locais com solo e clima mais adversos. Um dia, algumas uvas terão ficado esquecidas num prato e quando alguém deu conta já tinham fermentado e dado origem a um interessante líquido agridoce. Bem, não sabemos se foi mesmo assim!
Certo, certo, é o fascínio que o néctar desde cedo provocou, bem como o simbolismo que lhe foi sendo associado, muitas vezes de caráter religioso. Aliás, não é à toa que o vinho é apelidado de ‘néctar dos deuses’, uma expressão com origem na mitologia greco-romana, segundo a qual o vinho era uma bebida tão sublime e especial que só estava ao alcance dos deuses do Olimpo.
A boa notícia é que, de facto, isso é mito: o vinho é uma bebida democrática e acessível a todos, que foi atravessando diversos momentos da história e cuja produção foi sendo melhorada e aperfeiçoada. Sabias que foram os portugueses que descobriram as vantagens do envelhecimento do vinho em barricas de madeira? Pois é, uma descoberta feita durante a expansão marítima, em que o vinho era armazenado em pipas durante as longas e agitadas viagens de barco! E será que nestas barricas já ia vinho produzido com uvas das castas de Vinho Verde? O Fidalguinho não pode afiançar tal coisa, no entanto, sabe-se que foram os vinhos dos vales minhotos os primeiros vinhos portugueses a ser exportados, levados para o Norte da Europa nas mesmas embarcações que traziam o bacalhau. E há evidências históricas, em escritos de Séneca e Plínio, de que no último século a. C. já havia vinho nesta que é hoje a Região dos Vinhos Verdes, demarcada há mais de 100 anos!
Com vinte e muitos anos, nascido e criado em Braga, o Fidalguinho é o guia turístico mais acarinhado da cidade. Otimista, descontraído e muito falador, conhece histórias e piadas capazes de alegrar o espírito da pessoa mais empedernida. Em pequeno, já se destacava na rua do Souto, onde cresceu na mercearia da sua avó Maria. Aliás, é comum ouvi-lo a afirmar, orgulhosamente, ser a pessoa que mais subiu e desceu aquela mítica rua. Sempre de sorriso posto, não perde uma oportunidade de conhecer pessoas e de lhes mostrar o burgo pelo qual é apaixonado. Com uma energia contagiante, fala tão rápido que parece que as suas palavras estão a correr uma maratona! Encontra beleza em qualquer cantinho da cidade e basta que ouça a palavra ‘Braga’ para ficar todo arrepiado. Apesar de não ser fluente em inglês — nem em qualquer outra língua estrangeira, sejamos sinceros —, o Fidalguinho tem o dom de se fazer entender através de gestos cómicos e expressões faciais hilariantes. Consegue assim comunicar com toda a gente, venham da vizinha Espanha ou da lonqínqua Mongólia: um verdadeiro mestre na arte da mímica turística. Só há uma coisa que nunca entendeu: por que raio se chama Fidalguinho?
